O que é a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia?
Outubro é o Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Com atividades coordenadas pelo MCTI, a celebração tem o objetivo de mobilizar a população, em especial os jovens, para atividades científico-tecnológicas
O mês de outubro será o Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações, que irá expandir as atividades já realizadas anualmente na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT).
As ações do Mês Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovações serão coordenadas pelo MCTI com a colaboração de instituições públicas e privadas, universidades, museus, fundações de amparo à pesquisa, parques ambientais, jardins botânicos e zoológicos, secretarias estaduais e municipais e outras entidades que tratem do tema.
A finalidade do Mês é “mobilizar a população, em especial crianças e jovens, tem torno de temas e atividades de Ciência, Tecnologia e Inovações, valorizando a criatividade, a atitude científica e a inovação.” Além disso, o Mês irá se aliar à missão Institucional do MCTI de apresentar a produção de conhecimento e riqueza, alinhadas à melhoria na qualidade de vida da população brasileira de modo a permitir o debate acerca dos resultados, relevância e impactos da pesquisa científico-tecnológica, principalmente daquelas realizadas no Brasil, e suas aplicações.
Entenda como funciona a semana SNCT
Quem participa?
Todas as pessoas interessadas podem participar das atividades da SNCT. Atualmente, colaboram com a realização deste grande evento as universidades e instituições de pesquisa; escolas públicas e privadas; institutos de ensino tecnológico, centros e museus de C&T; entidades científicas e tecnológicas; fundações de apoio à pesquisa; parques ambientais, unidades de conservação, jardins botânicos e zoológicos; secretarias estaduais e municipais de C&T e de educação; empresas públicas e privadas; meios de comunicação; órgãos governamentais; ONGs e outras entidades da sociedade civil.
Qual o tema desse ano?
“A transversalidade da ciência, tecnologia e inovações para o planeta” foi o tema escolhido para a 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que ocorrerá entre os dias 2 e 8 de outubro de 2021, em todo o País, com eventos e atividades on-line e/ou presenciais, gratuitos e abertos à comunidade.
O enfrentamento mundial e emergencial à COVID-19 tem exigido esforços e investimentos inestimáveis. Uma situação excepcional – uma pandemia de grandes proporções e impactos globais – mais uma vez recorre à ciência em busca de respostas e alternativas. E não poderia ser diferente. Mas a gravidade da situação tem exigido mais do que a aplicação de conhecimentos e recursos. Demanda cooperação, articulação, interação, troca de informação, transferência de tecnologia, multilateralismo, superação de limites e, sobretudo, compromisso com a vida na Terra. Não há como chegar a tudo isso sem contar com ações transversais.
Os debates sobre temas e ações transversais não são novidade no meio da ciência, da tecnologia e das inovações (CT&I), nem se restringem a um ou outro campo do conhecimento. Cada vez mais se reconhece a transversalidade como atributo fundamental, efetivo e atual nas agendas voltadas ao desenvolvimento equitativo e sustentável. Assim como no caso da pandemia de COVID-19, a superação dos grandes desafios globais, nacionais e regionais, depende de ações que considerem os avanços científicos e tecnológicos em diferentes áreas do conhecimento, e que sejam capazes de integrá-los e otimizá-los, em benefício da humanidade e do planeta.
O mesmo movimento humano que cria, desenvolve e reformula especialidades, reconhece a necessidade de interdependência entre competências e vivências, e de reconhecimento a realidades, culturas e saberes distintos. A natureza transversal da ciência, a serviço do desenvolvimento humano, considera não apenas a interlocução entre pesquisadores, academia, governos, setores produtivos e sociedade, mas também a expectativa de que os
frutos de esforços conjuntos sejam disponibilizados transversalmente. Ou seja, é fundamental que as iniciativas de CT&I sejam convergentes, e que contribuam para reduzir desigualdades sociais e desconcentrar oportunidades, favorecendo a paz e a prosperidade.
Mas afinal, o que é “transversalidade” na CT&I?
Existem diversos entendimentos sobre a noção de “transversalidade” aplicada à CT&I, mas todos pressupõem a interação com outras abordagens e ações comuns. Inicialmente proposta como um conceito matemático, a transversalidade pouco a pouco passou a ser considerada nas reflexões das demais ciências. Resumidamente, a transversalidade é alcançada quando ocorre a máxima interação e comunicação entre diversas estruturas, não apenas disciplinares, mas também as que se refletem no dia a dia da sociedade.
“Transversal” é o que cruza espaços delimitados, o que atravessa e articula as estruturas sociais e do conhecimento humano. É o que é comum a todos. Não por acaso, a noção de “transversalidade” se aplica a ações que vão além da organização do conhecimento por campos de especialidades científicas. O “território” da transversalidade é ao mesmo tempo científico, social, cultural, econômico, ambiental, político e governamental. Assim, a transversalidade na CT&I se justifica principalmente quando há necessidade de articulação sob temas ou desafios comuns, ao gerar ações e políticas cooperadas, integradas e convergentes.
“Transversalidade” não se confunde com “transdisciplinaridade” e “interdisciplinaridade”, embora estes sejam entendimentos próximos. A interdisciplinaridade prevê a aproximação e troca de conhecimentos entre diferentes disciplinas, na construção de entendimentos comuns. A transdisciplinaridade, mais abrangente, propõe a interação “entre, através e além”1 das disciplinas, ao também considerar vivências e experiências culturais humanas, caso das etnociências e dos conhecimentos ditos “tradicionais”.
Como a transversalidade é considerada na agenda global e do Brasil?
Diversos documentos e acordos internacionais consideram a transversalidade como um meio estratégico para o alcance dos grandes desafios deste século. Um exemplo de percepção global do papel fundamental da transversalidade é a Agenda 2030, acordada por 193 países em 2015, por ocasião da realização da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O Brasil é um dos países signatários do documento intitulado Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Nesse compromisso comum, a transversalidade é reforçada por sua afirmação como uma “declaração global de interdependência”2. O que isso significa para os entendimentos de CT&I?
A Agenda 2030 apresenta os grandes desafios da humanidade sob a forma de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas transversais. Segundo o documento, nossos objetivos e metas comuns são “integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental”. A Agenda é igualmente transversal na definição de áreas prioritárias para o
desenvolvimento até 2030. Ao invés de propor prioridade a espaços delimitados por campos do conhecimento ou de ação governamental setorizada, o documento considera “áreas de importância crucial” que demandam ações transversais: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parceria. Essa sutileza é relevante porque, sem negar as especificidades dos diferentes campos do conhecimento, entende-se como fundamental que o enfrentamento dos desafios globais ocorra em um espaço de interconexão e de ação comuns: o “território da transversalidade”.
No Brasil, a transversalidade é igualmente considerada no planejamento e nas agendas de diversos meios e políticas públicas. A Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia 2016-2022 (ENCTI), validada pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia em 2016, também considera o papel fundamental da transversalidade. Ao ressaltar a necessidade de fortalecimento do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI), defende-se um modo transversal de articulação, convergência e ação para as estratégias de CT&I no Brasil. Por outro lado, a definição de “desafios nacionais”, “pilares fundamentais” e “temas estratégicos” também vão além das especificidades das áreas e campos do conhecimento, sem deixar de considerar a relevância de cada uma delas.
1 Para maiores detalhes, recomenda-se a leitura dos escritos do físico romeno Basarab Nicolescu, do matemático brasileiro Ubiratan D’Ambrosio e do filósofo e epistemólogo brasileiro Hilton Japiassu (1934- 2015).
2 Expressão utilizada pelo Secretário Geral da ONU, António Guterrez
Exemplos de ações de CT&I que recorrem à transversalidade
Em primeiro lugar, todas as ações de desenvolvimento ou de aplicação das ciências, das tecnologias e das inovações podem considerar seu caráter transversal. Entretanto, sabe-se que essa percepção nem sempre é considerada, já que demanda mudanças culturais, organizacionais, metodológicas e conceituais.
A título de exemplo, pode-se considerar a transversalidade das ações de CT&I ante os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) previstos na Agenda2030. Diferentes áreas de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e inovações, em todas as áreas do saber, somadas às vivências e experiências da sociedade em geral, podem ser articulados na busca de atendimento aos desafios acordados internacionalmente. Nesse sentido, não custa relembrar quais são os ODS, segundo a ONU:
Agregando-se às perspectivas nacionais e internacionais, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) considera o tema da transversalidade da ciência, tecnologia e inovações como estratégico e oportuno aos novos planejamentos e principalmente à reflexão sobre o momento em que vivemos, e o que desejamos para o futuro. Atualmente, são 12 temas estratégicos previstos na ENCTI 2016-2022 que demandam ações transversais de CT&I:
Com base nas expectativas destas e outras agendas, entende-se que as ações e estratégias transversais de CT&I são fundamentais na concretização de objetivos globais e no enfrentamento de desafios regionais, nacionais e planetários. Por meio destes objetivos e temas estratégicos, reiteram-se os esforços voltados à conquista da cidadania, à democratização da vida social, para a segurança individual e coletiva dos cidadãos e para a elevação da qualidade de vida. Afinal, como afirma a ENCTI 2016-2022: “Mobilizar a criatividade e a inteligência coletiva dos brasileiros para resolver problemas sociais é um desafio permanente”.
Perguntas orientadoras
Exemplos de assuntos que podem ser abordados na SNCT 2021
Quem Coordena?
A coordenação nacional da SNCT é de responsabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio da Coordenação-Geral de Popularização da Ciência (CGPC), da Assessoria Especial de Assuntos Institucionais (AEAI). Em cada estado, existem parceiros locais que podem orientar em como participar da SNCT. A realização da SNCT conta com a participação ativa de governos estaduais e municipais, de instituições de ensino e pesquisa, e de entidades ligadas à C&T de cada região. Muitos estados e municípios já criaram suas semanas estaduais ou municipais de C&T, articuladas com a SNCT nacional.